Thursday 25 June 2009

Uma Cadeira Em Estado Novo

























Foi no dia 25 de Abril de 1974 que bem mais de meia-dúzia de indivíduos fardados se lembraram de atirar flores, mais concretamente cravos, a uma multidão exaltante e desprevenida. Embora segundo a anterior descrição pareça que nos estejamos a referir reminiscentemente ao Arraial Pride ou ao modus operandi do Mascarado de Navegante da Lua, foi desta forma que se perpetrou em Portugal aquilo a que certas pessoas gostam de chamar revolução. Outras, contudo, gostam de chamar-lhe Horácio.

Não que isto tenha verdadeiramente algum sentido, mas acho que o fazem apenas pelo prazer sádico de confundir uma pessoa. Anos antes de Horácio (ou para os mais chegados 25 de Abril) sucedeu que o então chefe do Estado Novo caiu da cadeira. Tudo aconteceu sem espanto da opinião pública em geral, que sabia que Salazar era um forreta e naqueles anos todos teve sempre a mesma cadeira, uma merda feita de contraplacado comprada no Pagapouco. Salazar, diz-se, não recuperou deste episódio. Nem deste, nem dos últimos três mil e setenta e oito da novela Anjo Selvagem. Há quem diga que uma mãe de santo o fez reencarnar num utensílio de cozinha, mas não há ainda elementos que o comprovem.

Como é do conhecimento geral ou nem tanto, António Salazar (também conhecido por Tony Salazar, Toninho Salazar, Tóne Salazar, Tó, ou em casas de alterne, Vanda) teve uma infância difícil. Não só nasceu numa terra com o nome de Santa Comba Dão como também era aquele que ficava sempre mais tempo no meio quando jogava à rabia com os colegas. Vivia com a mãe e irmãs, que eram tão verdadeiramente repelentes que a possibilidade da prática de incesto se afigurava nula. Amigos de infância revelaram que António era um garoto de jogar muito ao peão, jogo esse que consistia em atravessar a estrada feito parvo só para ver se se era atropelado por uma carroça.

Essa brincadeira acabou por dar para o torto, e acabou por ir estudar Direito em Coimbra. Haviam dois colegas na turma de Direito do antigo líder português que partilhavam o prazer sádico de lhe dirigir a palavra, e que mais tarde viriam a ser convidados para uma famosa estância de férias em Peniche. O curso de Direito, esse, terminou-o com uma média de dezanove valores, o que lhe valeu a entrada no programa "O Juiz Decide", como consultor.

A exposição mediática que não teve levou-o invariavelmente ao Governo, onde viria a ser convidado a assumir duas pastas, uma Pepsodent e uma Couto. Durante três milhões e setecentos mil anos Salazar permaneceu na cadeira do poder - jogando a edição especial do Quem É Quem que tem as caras dos membros dos Slipknot - até a dita cuja inevitavelmente se escavacar. Essa peça de mobiliário, segundo consta, foi igualmente convidada a visitar Peniche, acabando por resultar numas estacas daquelas que servem para segurar tendas de campismo.