Monday 31 August 2009

Desenvolvimento Psíquico Estúpido #2

























Primeira Relação: Energia Cósmica e Terrestre

O próximo ponto que iremos abordar é a profundamente afectuosa e sustentadora relação que cada um de nós tem com três vastas entidades: a Terra, as energias cósmicas e "Este Jesus Cristo Que Vos Fala". Iremos começar por aquela que é a mais poderosa sustentação da nossa humanidade - a relação crescentemente lúdica que temos com a Terra.
A Terra viva, com o seu tempo e espaço, providencia-nos com aquilo que Soares Parnáculo define como o Jardim de Infância, o espaço que usamos para brincar e jogar à macaca com o nosso nome bordado num bibe. A Terra garante que toda a nossa experiência é destilada e simplificada, chegando a um ponto em que andar a correr todo nu numa repartição das Finanças nos parece um comportamento totalmente aceitável. A Terra providencia-nos com as estruturas afectivas que formam o jardim de infância psíquico em que vivemos, brincamos, exploramos e comemos papo-secos com manteiga. Este sustenta-se num espaço tridimensional onde podemos crescer e aprender para nos tornarmos naquilo que Chefe Mamadou chama um consciente co-criador com Deus, em que aprendemos a criar a nossa própria realidade e de onde à partida estão excluídas pessoas que dizem "foi de sem querer".


Saturday 29 August 2009

Piada Cinéfila

Se João Baião fizesse o remake de um filme de Sam Fuller, como se chamaria?
- Fixed Baionetes.

Demiurso

Diz que Deus criou o homem e a mulher. Então e pelo Carlos Castro, ninguém se responsabiliza?

Homofonias #2



Chiça penico chapéu de côco, há tempos que esta rubrica não voltava cá ao blogue. Desta vez a música é "Never Miss A Beat", dos Kaiser Chiefs. Os leitores agora sachavôr dignem-se a ouvir o tema e digam lá se a parte do refrão em que o rapazola diz "never miss a beat" não parece mesmo "neva em moçambique"?

Friday 28 August 2009

Perfil - Carlos Silvino




















Bebida Favorita
Garoto

Viagem de Sonho
Ásia Menor

Tema Musical Favorito
Indeciso entre «Sweet Child O'Mine» e «A minha cidade (Ó Elvas)» de Paco Bandeira

Filme de Eleição
«Aniki Bóbó», «Tudo Bons Rapazes» e «Juventude em Marcha»

Leitura Que Prefere
Qualquer opúsculo

Programa de Televisão Favorito
Teletubbies

Religião
Gosta da Cientologia, porque é recente

Comida de Eleição
Miúdos ao Conhaque

Traz Sempre Consigo...
Cartão Jovem

Citação Favorita
«O melhor do mundo são as crianças»

Thursday 27 August 2009

Desenvolvimento Psíquico Estúpido #1

























A Aura

Toda a gente tem uma aura. Quem não tem olhe, que a compre. Eu também não tinha dinheiro e fiz uma vaquinha com uns amigos. A aura é uma bolha de energia espiritual, som e L. Casei Imunitass que envolve todas as pessoas e também José Lello. Através de simples técnicas e práticas, o leitor pode aprender a tornar-se mais atento à sua aura e às dos outros. À medida que explora a sua crescente capacidade de atenção o mundo torna-se algo novo, como um daqueles miúdos que o Bibi aconchegava no interior do seu kispo vermelho. Todos os dias pode descobrir, compreender e interagir mais profundamente com alguns aspectos da sua vida que não foi capaz de fazer anteriormente porque estava a dar o Benfica-Volska Poltava.
As auras são a interminável fonte da nossa saúde física, emocional, mental e espiritual. As nossas vidas e relações emergem da interacção existente entre as nossas auras e as dos outros, e das nossas auras e energias interiores de diferentes dimensões espirituais da realidade. Tanta relação pode dar a impressão de tudo isto ser um imenso regabofe, mas não. Eu pelo menos uso gel de banho nestas ocasiões.
Através do desenvolvimento da percepção da sua aura pode aprender a curar os dois maiores tipos de limitações da aura: debates quinzenais da Assembleia da República e difusão da identidade (questões limítrofes). Desenvolvimento Psíquico Estúpido providencia uma aproximação integrada para desobstruir a identidade, os quais iniciados e praticantes avançados ambos acham capazes de mudar a vida, mas não muito. Após estabelecer uma fundação segura, Desenvolvimento Psíquico Estúpido especializa-se no desenvolvimento da sua capacidade para ver auras e também as mamocas de raparigas vestidas com muita roupa no inverno. Esta faculdade, chamada clarividência por uns e indiscrição por outros, adiciona poder às capacidades curativas e de taradice, providencia um caminho de ligação com guias, anjos e o bigode de Jorge Máximo, e eventualmente adiciona capacidades e intimidade às nossas interacções diárias, às nossas relações e às nossas vidas.

Oferece-se: Cérebro Por Estrear

Coisas que gosto de dizer #2

Mérreis.

Wednesday 26 August 2009

Um Amigo P'ra Você (Ha-Ha-Ha-Uh-Uh-Uh)
























Valerá a pena contar a história de um indivíduo que falhou em tudo durante a sua vida? Tenho cá as minhas dúvidas. Aliás, neste momento pondero seriamente escrever antes sobre Rosa Cheirosa, uma bem sucedida prostituta. E daí talvez não, que a minha esposa está aqui ao lado com um facalhão em tudo idêntico ao de John Rambo encostado aos meus testículos. Pelo sim, pelo não, vou antes escrever acerca deste nobre sujeito.

Nuno Hadrianno dos Santos Malpicasuru nasceu no dia 13 de Outubro de 1976 no Bombarral, filho de mãe portuguesa, pai padeiro e tio primata. Logo dois minutos após o seu nascimento já o médico reparava que o miúdo ou descendia de uma nobre linhagem macacóide ou era familiar de Zezé Camarinha. Frequentou o Jardim de Infância "Os Catitas", onde se notabilizou no bibe amarelo pela colagem de macacos em tampos de mesa e partes de baixo de lavatórios. Aí travou também amizade com Pedro Carrasco, um sujeito que lhe viria a meter nojo pelo menos por mais quinze anos. Carrasco conta que, no período em que frequentavam o ensino básico na escola EB 2,3 de Nelo Silva e Cristiana, Hadrianno começou a evidenciar os talentos que o viriam a notabilizar por não ser nada que preste. Enquanto os colegas se entretinham a rebentar balões de água cheios de ar na cabeça de outros, já Hadrianno raspava com fulgor as calosidades do pés do seu pai com pedra-pomes e coleccionava pilhas Varta descarregadas.
Os seus pais eram feirantes, mais propriamente cantelheiros, e foi desde cedo que começou a assistir àquilo que tornava o ambiente da feira algo singular, como as brigas de ciganos com outros feirantes por um lugar, os pregos no pão com mostarda rançosa e os sujeitos que anunciavam os preços de edredons com gáudio ao megafone.

Cedo despertaram os seus talentos, é certo, mas também as rivalidades. Na escola começou a sofrer impropérios por intermédio de Baboo, outro aluno primata e hirsuto que sofria de um tipo de autismo que não incluía a memorização de listas telefónicas. Uma vez andaram os dois à briga no pátio. Hadrianno empurrou Baboo, Baboo empurrou Hadrianno, Hadrianno ripostou. Baboo tropeçou e caiu, Hadrianno fugiu. Hadriano ganhou. Um tempo mais tarde, já no oitavo ano e a precisar seriamente de barbear a testa, apaixonou-se pela primeira vez. A sortuda era Susana Vanessa, conhecida pela alcunha "bicicleta da aldeia" e pelo facto de possuir uma autêntica cordilheira de borbulhas de acne na testa que convidava cegos a uma leitura interessante e convenhamos, algo cheia de pus. Susana era uma moça verdadeiramente especial e Hadrianno reparara. Pertencia-lhe ainda o recorde de mais sujeitos aviados no intervalo das dez e quinze: cinco. O Mário Reis atrás do pavilhão de Educação Física, o Carlos Jorge no anfiteatro, o Simão nas escadas do refeitório, o Marcelo atrás do Bloco A e o Pedro Cebolo no balneário.

Mas o amor platónico de Hadrianno nunca achou correspondência nas necessidades puramente carnais de Susana, que tinha preferência por rapazes praticantes de motocrosse que vestissem calças de marca Resina. Certo dia, Hadrianno participou no corta-mato escolar para impressionar Susana, mas ficou em quadragésimo-sétimo lugar, e ela só aviou os primeiros quarenta e seis. Tentou ainda, de forma vã, impressioná-la com a sua participação no campeonato distrital de Jogo do 24, mas só ganhou uma t-shirt do Chester Cheetah e nada mais. No meio de tudo isto, Hadrianno recuperou a custo. Porque se não bastassem as desilusões amorosas, ainda teve de partilhar durante três anos na aula de Físico-Químicas a carteira com o Simão, um sportinguista que tinha um dossier repleto de imagens do seu futebolista favorito, César Prates.

Enfim, foi só no décimo-primeiro, um ano depois de se ter estreado no lançamento da mini, que se apaixonou verdadeiramente por uma catraia que não era badalhoca. Passou-se isto uma vez à porta do café "O Pipas", onde ia toda a garotada da escola fazer introdução ao alcoolismo. Ali a viu. Após ter emborcado meia garrafa de Pisang Ambon e três shot's de "pastel de nata" lá estava ela, a mulher da sua vida, vomitando com grande categoria sobre as calças Sicko 19 que vestia algo que possuía um fino aroma a canela e a bílis. Nunca mais conseguiu esquecer aquele cheiro, mas se calhar devia.

Como todos os seus colegas, ou pelo menos metade, Hadrianno foi numa viagem de finalistas. Mas como não se lembra de nada que tenha acontecido nessa semana, eu também não vou escrever sobre isso. E foi para a universidade, estudar desemprego. Licenciou-se com sucesso em provas de mini preta, ginja e shot's, foi praxado por tipos com dez matrículas e metade desse valor em neurónios. Depois disso, bem, as oportunidades apareceram como por magia. Estava um domingo na feira de Santana com os seus progenitores a anunciar bugigangas quando avistou numa banca de cassetes pimba aqueles que viriam a ser os seus mentores e colegas: Ediberto Lima e Dj Pantaleão. Ediberto passou pela sua banca e ali viu um objecto que o maravilhou, um corta-unhas com a bandeira brasileira. Mas outra coisa lhe chamou a atenção, Hadrianno. Nunca Ediberto tinha visto um tipo tão peludo na sua vida, tirando Tony Ramos. E percebeu que era disto que precisava para o seu projecto televisivo depois de "Muita Lôco":
"Aí meu chapa, cê já feiz televisão?"
Hadrianno não sabia bem o que responder. Talvez a verdade fosse o ideal.
"Népia bacano. Mas porquê?"
"Preciso de um cara como ócê pa pôr numa jaula no meu programa e dar porrada em quem lá aparecer cantando mal. Pago bem. Dez contos por mêis".
"Tá".

Hadrianno aceitou o convite. Aliás, na sua condição não podia ter feito outra coisa - era bom demais para recusar. Estar três horas aos sábados à noite a dançar dentro de uma jaula ao som de música pimba era o sonho de qualquer descendente de cantelheiro. Ali conheceu a mulher com quem viria a casar, Maria Grovetka, uma emigrante de leste que usava as cuecas pelo umbigo. Emídio Rangel foi seu padrinho de casamento, e deu-lhe um calduço nesse dia. Teve dois filhos, nenhum deles um prodígio em beleza física. Viria a falecer em Maio de 2005, vítima de programa do Goucha. Não ressuscitou, o que já de si foi bom.

Tuesday 25 August 2009

Pessoas que dizem “fazer piscinas” em vez de natação criam imunidade ao programa Novas Oportunidades

IEFP/RC - O programa "Novas Oportunidades", famoso por dar a futebolistas que falam na terceira pessoa as mesmas qualificações que as de um tipo que estudou mais dez anos, começa a tornar-se frágil perante o sistema imunitário de certos indivíduos. Quem o revela é o virologista Vitorino Xanadú a' O Indesmentível, que as pessoas que dizem "fazer piscinas" e "adominais" criaram imunidade ao programa lançado pelo Governo: "De facto, estes sujeitos parecem estar a fabricar um tipo nunca antes visto de linfócitos. Possivelmente devido à sua quase nula capacidade para o cálculo mental e generalizada dormência de neurónios, dá a ideia de que estão a criar uns super-neurónios com um comportamento género Obélix, que dão bordoada em tudo o que aparece". Segundo o virologista, estes podem servir para o tratamento de diversas doenças, como a SIDA, Sífilis, e o tema "Sonhador, Sonhador" de Tony Carreira.



"Transformistas": Filipe La Féria prepara encenação do blockbuster "Transformers"

POLITEAMA/RC - Após produzir os musicais "Jesus Cristo Superstar" e "My Fair Lady" onde um dos actores era heterossexual, La Féria quer repetir a proeza com o anunciado "Transformistas". A peça explora o conflito entre Autobots e Decepticons, aqui designados "Autobotas" e "Decepticonas", mas distancia-se do original em certos pontos. "É uma história de amor entre uma Yamaha DT e um tractor Massey Ferguson, que a meio de uma operação stop decidem transformar-se em robôs com uma vontade maluca de pôr maquilhagem exagerada e ir ao Trumps". Quanto aos actores, La Féria anunciou na sua voz rouca ter já dois nomes em mente. "Para interpretar a Yamaha DT, a Megatrona, escolhi o João Baião. Já lhe telefonei ontem, mas como ele estava sentado num touro mecânico não percebi o que ele disse. Para a Optimus Prima, o tractor, quero o Malato. Mas ainda não falei com ele, pois tem estado ocupado a enfardar torresmos com o Fernando Mendes nas últimas semanas".

Saturday 22 August 2009

deus

«E que depois esse terceiro deus nos fizesse o favor de retirar-se do cenário onde se vem desenrolando a tragédia de um inventor, o homem, escravizado pela sua própria criação, deus»

Wednesday 19 August 2009

Gripe Canina

Quando o meu cão se constipou, tratei-o com Peddie Gripal.

Tuesday 18 August 2009

Piadolly

Quando um humorista faz clonagem de uma piada de outro.

Trunks mete Son Goten em tribunal porque lhe ficou com um rim na fusão

SEGUNDO CALHAU A CONTAR DE NAMEK/RC - O filho de Vegeta e Bulma, conhecido pelo seu cabelo extravagante ao estilo de Vanda Stuart, despoletou a polémica esta semana no seio do Dragon Ball: "A verdade é que o Son Goten me ficou com um rim na fusão. E além de nunca me ter dito nada, ainda o vendeu para comprar um Ford Fiesta dos novos". Trunks revelou ainda a'O Indesmentível quem pretende que o defenda no caso: "Caso o João Nabais ainda tenha bigode, vou por ele. Senão vou ter de falar com o José Maria Martins. Se isso falhar, bem, vou ter que andar um ano à procura da porcaria das bolas de cristal e peço um rim novo ao dragão. Ou então faço como aquele porco na primeira série e peço umas cuequinhas".

Jerónimo de Sousa recusa aconselhar Pinóquio mas admite diálogo com Popeye

ALUNOS DE APOLO/RC - O líder do PCP, também professor de sapateado estalinista nos Alunos de Apolo, veio esta segunda-feira comentar os rumores que dão como certa uma parceria dos comunistas com o PS de Sócrates: "Nunca o meu partido vai ser compincha do Pinóquio. É um sujeito sem ética, que à primeira oportunidade despachou o pai para Bruxelas. Não se pode confiar em gente a quem cresce o ego quando mente." No entanto, o secretário-geral do Partido Comunista abriu as portas ao diálogo com Popeye: "Teria todo o gosto em discutir ideias com ele. É um tipo que come hortaliças, e como tal poderia facilmente fazer parte d'Os Verdes ou assar sardinhas na Festa do Avante. Depois, tem uma companheira magrinha que não se importará de passar fomeca quando os proletários de todos os países se unirem." Entretanto José Sócrates, que escolheu como sede de campanha o estômago de uma baleia, recusou comentar se se iria tornar ou não um menino de verdade, pois Carlos Silvino estava por perto.

Saturday 15 August 2009

Um Lobisomem Moçambicano em Alpiarça






















Passavam três minutos das seis da tarde do dia vinte e dois de Fevereiro de 1994 quando, à porta do café O Micas em Alpiarça, parou uma Toyota Hiace de caixa aberta. O condutor - na casa dos cinquenta - apressou-se em abrir o taipal traseiro e levantar o oleado, de onde surgiram dois indivíduos. Eram eles Carlos Alberto e Pedro, dois moçambicanos respectivamente de vinte e cinco e vinte e sete anos. O sujeito que conduzia a carrinha, pelo farto bigode, camisa Sacoor de rato nas costas e “lápes” atrás da orelha trata-se claramente de um comum empreiteiro ribatejano. Naquele dia levou a Toyota e não o jipe SsangYong porque o seu filho beto o estampou contra o muro do quintal do vizinho. Coisas que sucedem. Mas sim, os rapazes.

Carlos e Pedro eram dois tipos que tinham crescido a ouvir João Maria Tudela cantar que o seu país era “alegre como a chita”. Já Portugal, onde agora residem e trabalham como trolhas, não tem os passeios muito limpos. Este país por que abandonaram a pátria cantada por Tudela é um oásis de cocó nos passeios, estradas mal alcatroadas e cantores que plagiam como quem tira catotas. Apesar disso, não se arrependem.

Ao final de um dia de trabalho, nada melhor que repôr os líquidos perdidos a acartar baldes de massa. Como tal, despediram-se do senhor Barroso (o verdadeiro nome do empreiteiro) e entraram n’O Micas. Procuraram uma mesa, sentaram-se e começaram imediatamente de um pires a petiscar tremoços, um marisco muito famoso lá na terra. Por trás do balcão, o senhor Raposo, dono d’O Micas, limpa os copos com o mesmo pano com que esfregou os azulejos bolorentos da casa de banho. Olha-os com ar de desdém.

"Eram duas minis ó chefe", pediu Carlos, enquanto limpava o suor da testa com o indicador e o guardava na virilha direita.
"Não temos", respondeu ríspidamente o senhor Raposo, que de semblante carregado, enchia agora com as próprias mãos os pires de tremoços.

Algo não estava bem. Pela primeira vez em muitos anos, Carlos sentia-se ostracizado. O senhor Raposo, sabia, fora combatente na Guerra Colonial. Raposo não simpatizava com a sua cor de pele, era isso. Mal estes pensamentos vieram à cabeça de Carlos, logo ele convenceu Pedro a levantar-se e sair dali com ele. O senhor Raposo não desaprovou, mas deixou o conselho:
"Vão pela estrada que há por aí muito bicho matreiro no mato!"

E eles lá foram, já anoitecia. Andaram muito tempo, até o manto nocturno cair sobre os seus corpos e chegar a um ponto em que não se viam um ao outro. Porque aquelas estradas também não têm propriamente boa iluminação. Não tardou muito até que ignorassem o conselho de Raposo, e saíssem da estrada. Foram ter a uma vinha.

"A falta que nos fazia agora um Petromax pá!" - admitiu Pedro a Carlos, que sorriu sem perceber muito bem onde o colega estava. De repente um barulho: Passos. Pedro Passos Coelho? Não, seria algo muito maior. Movia-se rápido entre os corredores. Obikwelu? Não, não era o Francis de certeza, que ele tem mais que fazer do que andar a correr numa vinha à noite. Até que, de repente, Pedro gritou. Um grito animalesco e estridente, um grito de horror, de quem viu o Carlos Castro nu. Algo se movimentava agora na sua direcção.

Carlos começou a correr, a respiração ofegante, o mato denso, as havaianas a caírem-lhe dos pés. Mil imagens lhe vieram à cabeça: as trombas da Paula Bobone, as trombas da Paula Bobone, as trombas… E quando parou, sob a luz da Lua Cheia, um bicho que se não era um lobo grande como os cornos vou ali e já venho. Carlos ali permaneceu de boca aberta, como quem come um Cornetto com gulodice. E o lobo olhou para ele com aqueles olhos grandes de quem não sei o quê. E Carlos olhou para o lobo e viu que ele tinha uma pila pequenina. E o lobo não gostou e deu-lhe uma trolitada na tromba. E fugiu.

Dia seguinte, pela manhã, Carlos sentiu o sol bater-lhe na cara. Sentiu um cheiro que imediatamente reconheceu, a ala hospitalar. E ouviu o tossir tabagista de uma velhota. Uma velhota que tinha algália e catarro como nunca visto. Uma velhota que a dada altura se engasgou com a sopa e ficou com um fio de caldo verde pendurado numa narina. A enfermeira chegou, e sem reparar na velhota e na sua narina, deu as boas novas a Carlos:

"O senhor parece que foi vítima do Chupa-Meloas" disse, enquanto abria ainda mais as persianas da janela.
"O Chupa-Meloas?" respondeu Carlos, tentando evitar o sol nos olhos.
"Sim, é um bicho lá de Alpiarça, que ataca as frutas a meio da noite antes de ir para a discoteca".
"E o meu amigo, sabe alguma coisa dele?"
"O seu amigo está bem, bateu a bota. O Chupa-Meloas pensou que a cabeça dele era uma fruta e deu-lhe umas trincas".
Meu Deus, o Pedro morrera! E ainda bem! - pensou Carlos - que ele era chato como a potassa e cheirava que nem um burro a transpiração .
"Que hospital é este?" perguntou Carlos, evitando falar da velha ao seu lado.
"Santarém, meu menino. Terra de toiros, vinho, gente rude e que atura o Moita Flores".

O coração de Carlos encheu-se de satisfação - estava num sítio onde não tinha nada a temer, pois a cada esquina se encontram ora indivíduos cheios de bazófia ora agentes de autoridade ébrios.

Anoitecera. A velhota dormia agora o sono dos anjos, após jantar filetes com arroz. Ou dormia ou estava morta, uma das duas. Carlos acordou sobressaltado, com o corpo a ferver. Os olhos pareciam querer saltar-lhe da cara. Todo o corpo lhe começava a queimar, as mãos, pés, pernas, braços, até que cada poro era um vulcão e Carlos começou a gritar a plenos pulmões, sem nunca incomodar a velhota. Atirou-se para o chão, rasgou as roupas, e debaixo delas, do peito ao pescoço, uma enorme cicatriz deixada pelo monstro que o atacara.

E assim começou, sob a luz da Lua Cheia, a transformar-se. Cresceram-lhe as mãos, as unhas das mãos; os pés, as unhas dos pés; os ombros alargaram, os braços alongaram, a pila encolheu. O seu queixo ficava agora ainda mais saliente - querendo lembrar o da Ana Gomes - e cresceram-lhe uns dentes que bem precisava, pois já só tinha dez. Mas sobretudo, cresceram-lhe pêlos por tudo quanto era sítio. Por momentos, o narrador fica na dúvida se está a relatar a transformação de um indivíduo num lobisomem ou em Tony Ramos. Na noite de breu ergueu-se, mas não a voar. Dirigiu-se à recepção e telefonaram-lhe para a Scaltaxis, partindo minutos depois para Alpiarça com o senhor Jacinto Barbosa. Embora experiente nestas lides, nunca Jacinto tivera oportunidade de transportar um lobisomem:

"Já transportei muita gente, caramba. Até a Leopoldina e a Popota, que me fizeram um lap-dance porque não traziam dinheiro para pagar o serviço. Não gosto muito de avestruz, mas como dizia o meu pai, o que vier marcha".

Chegaram à porta d' O Micas. Eram dez horas, sensivelmente. Lá dentro ouvia-se um bonito ritmo reggaeton e cá fora três putos vestidos com calça, camisa e sapato Timberland bebiam shot's de Gold Strike. O senhor Jacinto disse que não era preciso Carlos pagar, tal era a singularidade do passageiro. Então partiu, buzinou e Carlos uivou em modo de resposta. E Carlos irrompeu pela porta do café. Ao balcão, o senhor Raposo - no seu habitual tom ameaçador -mascava um palito por debaixo do seu hirsuto bigode. Tensão por todo o estabelecimento, um silêncio de morte. De repente, o senhor Raposo arrota. Jantara iscas. Previsível.

Carlos aproxima-se, passo a passo, do balcão. O senhor Raposo não se move, e olha-o nos olhos ao mesmo tempo que masca o palito e coça a virilha direita com a unhaca do mindinho.
"Quero uma mini ó sachavôr!" diz Carlos, numa dicção demasiado perceptível quer vindo de um trolha, quanto mais de um lobisomem. E o senhor Raposo, pegando o pano de limpar os copos do balcão e deitando-o no ombro direito, reafirma:

"Não temos minis, já te disse pá. Mini é bebida de pandeleiro. Aqui no Ribatejo a gente bebe é tintol".
Carlos fica estupefacto.
"Então mas você não é racista?"
"Racista, eu? Tá maluco o bicho. Não digo que nunca tenha tido chatices com pretos, que tive. Olha, uma vez andei à porrada com um porque ele pôs uma mina num sítio onde um rapaz depois rebentou uma perna. Não que eu tivesse interessado na perna, mas tinha guardada a minha colecção de cromos do Eusébio na bota do gajo e foi tudo pró galheiro"
Carlos, no meio daquele semblante canídeo, sorriu. E babou-se um pouco.
"Olha lá rapaz, tu queres emprego?" disse o senhor Raposo "tens é de cortar essa guedelha que pareces um lobzóméne".
Carlos sorriu de novo perante tamanha generosidade.
"Pode ser senhor Raposo. E já agora, um tintol".

Wednesday 12 August 2009

João Carpinteiro & Natércia

Tuesday 11 August 2009

Clássico Absoluto


«E ainda és obrigado a esconder a tua cara que, há que dizer com frontalidade, não é nada de especial. Aliás, és possuidor de umas trombas que vou-te contar.»

«Ouve lá ó Bastos, não estou a gostar da maneira como estás a vilipendiar a minha face»

Ramírez de "Highlander - Duelo Imortal" assina pelo Benfica

ÁGUIA VITÓRIA/RC - Não satisfeito com o facto de ter no plantel três jogadores chamados Javier, Jorge Jesus pediu a Rui Costa que contratasse outro com nome de atum. Ramírez, de seu nome completo Juan Sánchez Villa-Lobos Ramírez, já foi internacional mil e duzentas vezes pela Escócia e joga onde for preciso desde que lhe dêem uma espada. "Se não for uma espada pode ser uma katana. Ou um machete. Ou um sabre japonês. Assim sempre que me aborrecer com o penteado do Jorge Jesus posso cometer seppuku." Entretanto Jorge Jesus, enquanto mascava uma pastilha Gorila já de três dias, explicou a'O Indesmentível a contratação do internacional escocês. "O Ramírez era um jogador que eu já apreciava antes de ele andar em passeatas com o Connor MacLeod. É um jogador útil para marcar colegas que gostam de distribuir pancada como rebuçados, género Tonel e Bruno Alves. Para compensar a saída do Bynia é ideal, pois volta e meia lembra-se e decapita um adversário."

Andróide de “Exterminador Implacável 2” desempregado desde Maio

HASTA LA VISTA BABY/RC - O andróide metamórfico do filme de James Cameron, T-1000, foi dispensado em Maio da fábrica da Skynet em Bajouca. "Essa espécie de Lawrence Limburger do Teixeira dos Santos bem pode vir para a televisão dizer que a crise acabou e o caraças, mas eu sei é que a experiência de tentar limpar o sarampo ao John Connor não me serve de nada. Agora nem no Fabio Lucci me dão emprego". Sem trabalhar há quase três meses, o seu único sustento tem sido a tonelada de ração ganha com a pega de um touro na picaria da Feira da Agricultura de Santarém. "Partilhei aquilo com o Bastinhas, que estava farto de comer Pedigree Pal ao pequeno-almoço. Já comentei com ele, aquilo com leite quase que passa por Estrelitas". E é com mágoa que revela a'O Indesmentível a atitude dos seus antigos patrões para consigo. "Nem um telefonema, uma palmadinha nas costas, um mil-folhas do dia anterior, nada. Até com nitrogénio líquido já levei nas trombas, mas eles não dão valor ao esforço que um tipo faz. Querem é o deles".

Ontem vi isto de novo
























Um sacana de um filme este, que levanta a moral a um tipo. Um GRANDE Bill Murray, como já nos habituou, e uma lindíssima Andie MacDowell, das mulheres mais giras de sempre no cinema.

Monday 10 August 2009

Bombay TV - Revista de Gajas

Sunday 9 August 2009

Eulogy
























«the way to create art is to burn and destroy
ordinary concepts and to substitute them
with new truths that run down from the top of
the head
and out from the heart»

Charles Bukowski

Saturday 8 August 2009

O Excremento

O excremento deitado no chão por limpar
No estúdio da dois a importunar
A esfregona no balde espremeu três vezes
Espremeu três vezes e a pingar,

E disse «Quem é que me quer limpar,
Deste soalho de tom horrendo,
Deste solo negro e imundo?»
E a dona Helena disse, varrendo:

«Alevanta-te cabrão!»
«De quem são estas tiras de pano?
De quem é este cabo ou cano?»
Disse o excremento, e fedeu três vezes,

Três vezes fedeu imundo e insano,
«Quem limpa melhor que um ucraniano,
E armado anda de esfregona e avental
E a água escorre com determinação?»

E a dona Helena varreu, e disse:
«Alevanta-te cabrão!»
Três vezes de vassoura nas mãos se ergueu
Três vezes de esfregona nas mãos volveu,

E disse no fim de limpar três vezes:
«Aqui de esfregona sou aquilo que mais temes:
Sou quem dá beijocas e faz higienes;
E olha excremento, tu não me impressionas

Dou-te com este cabo e vais parar ao chão
E após uma pancada em erógena zona,
Alevanta-te cabrão!»

versão original da declamada pelo Luís Filipe Borges no 5 Para a Meia-Noite, ligeiramente modificada, aqui.

Friday 7 August 2009

Coisas que gosto de dizer #1

Anorthosis Famagusta.

Wednesday 5 August 2009

Sócrates pede Sócrates em casamento...e aceita

BOLO DE NOIVA/RC - O primeiro-ministro português, respeitável narcisista e admirador do slogan do leite Matinal "se eu não gostar de mim, quem gostará?", admitiu ter casamento marcado consigo próprio para antes das eleições legislativas. "Sim, é verdade, estou noivo. Já deviam ter reparado que o amor andava no ar, não?". Os piropos que vinha lançando à sua pessoa nos últimos tempos, segundo nos confidenciou, deram resultado. "Sabe, eu já me achava fofinho quando disse que era um animal feroz, mas depois veio o resto: os jantares românticos, as flores, o amor-próprio. Há dias reparei ao espelho que possuo mamilos magníficos. Só não pratico o auto-coito porque quero esperar pelas núpcias. No fundo sou, como o Tony de Matos, um romântico". Sócrates, entretanto, comentou a'O Indesmentível o suposto convite a Joana Amaral Dias. "Convidei a Joana, sim, mas para o meu casamento. Tinha de lá ter uma gaja assim, nem que fosse para compensar a masculinidade da Ana Gomes."

Sindicato dos Arrumadores de Automóveis repudia naturalização de Liédson

AULAS DE EQUITAÇÃO/RC - O presidente do Sindicato, a meio de um exercício que incluía a rotação da revista Cais no sentido dos ponteiros do relógio, manifestou o seu desagrado com a naturalização do sportinguista. "Convocar um arrumador brasileiro quando temos cá valores reais como o Cajó, o Fanan ou o Gica é triste." E alerta para o perigo da descaracterização da selecção. "O arrumador e carocho portugueses são únicos méne, é um sector onde há talento. O Liédson consegue dar chutos? Chutos mando eu desde os quinze anos pá. Talento é fazer aqui o que o Cajó ou o Fanan fazem, tirar o braço pelo picotado ou cantar as primeiras duas estrofes do 'Cavalo à Solta' do Fernando Tordo sem pedir moedinha". Entretanto, o dirigente sindical apontou uma alternativa à naturalização de estrangeiros. "É apostar na juventude méne, na formação dos jovens. Ensiná-los a fazer uma limonada, partilhar seringas, saber para que serve um garrote; enfim, preparar um caldo com brio."

Monday 3 August 2009

Questão Pertinente

As vítimas de pedofilia que perderam a infância têm descontos no Cartão Jovem até aos 45 anos?

Sunday 2 August 2009

No Consultório de Hackenbush #4




















Se sofre de epilepsia, evite o Manuel Luís Goucha.

Maya again

O ecoponto azul não me aceitou a FHM da Maya, mas uns bichos necrófagos paparam tudinho.

Facto

O músico favorito dos praticantes de motocrosse é o Merlin Maisân.

Drive-By Piropo

Que nome se dá a um boneco de chapéu vermelho que assobia às gajas do seu carro amarelo?
- Noddy Engate.

Saturday 1 August 2009

Vá, Busca

Fantástico videoclip de Dj Mayna responsável pela subida da taxa de suicídio em território nacional. Também pode vitimar doentes de epilepsia. Vamos a ter cuidadinho.

Fados

Hoje vi o 'Fados', do Carlos Saura. Não faz bem o meu estilo, mas ainda assim gostei. Principalmente o momento do Chico a cantar o seu 'Fado Tropical'. Chamar-lhe emocionante é pouco.