No estúdio da dois a importunar
A esfregona no balde espremeu três vezes
Espremeu três vezes e a pingar,
E disse «Quem é que me quer limpar,
Deste soalho de tom horrendo,
Deste solo negro e imundo?»
E a dona Helena disse, varrendo:
«Alevanta-te cabrão!»
«De quem são estas tiras de pano?
De quem é este cabo ou cano?»
Disse o excremento, e fedeu três vezes,
Três vezes fedeu imundo e insano,
«Quem limpa melhor que um ucraniano,
E armado anda de esfregona e avental
E a água escorre com determinação?»
E a dona Helena varreu, e disse:
«Alevanta-te cabrão!»
Três vezes de vassoura nas mãos se ergueu
Três vezes de esfregona nas mãos volveu,
E disse no fim de limpar três vezes:
«Aqui de esfregona sou aquilo que mais temes:
Sou quem dá beijocas e faz higienes;
E olha excremento, tu não me impressionas
Dou-te com este cabo e vais parar ao chão
E após uma pancada em erógena zona,
Alevanta-te cabrão!»
versão original da declamada pelo Luís Filipe Borges no 5 Para a Meia-Noite, ligeiramente modificada, aqui.
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