Tuesday 15 September 2009

O Diário de Pau Arranjer #2





















Tomar, 20 de Julho de 2008

Querido Diário, hoje que é domingo viemos almoçar a casa da minha avó. Ela preparou a segunda melhor comida do mundo, jaquinzinhos com arroz de tomate. Gosto muito de jaquinzinhos. A minha irmã, aquela vaca, diz que é comida de pedófilos, porque se comem os peixes na juventude. Se eu contasse aos meus pais que ela também foi comida na juventude, quando perdeu a virgindade cinco anos antes da data que eles pensam e com o meu primo Rui que é estrábico, já não falava assim. Mas os rancores não nos levam a lado nenhum. Como dizia, gosto de jaquinzinhos. Claro, não gosto tanto de jaquinzinhos como de salsicha com ovo e batata frita, mas não é um mau prato. A minha avó diz que no tempo dela era uma sardinha para três, o chamado ménage à quatre salazarista - Deus, Pátria, Família e Fomeca. Para almoçar, vieram também o meu tio Cândido e a tia Brunilde. O tio Cândido é camionista, e ensinou-me a arte da boa sande de coirato. A tia Brunilde é costureira, e nunca me ensinou merda nenhuma. É vaca, e a minha irmã sai a ela. Se há coisa que o tio Cândido aprecia, querido Diário, é Martini. Eu e ele, ao almoço, bebemos meio litro cada. Fiquei de tal maneira embriagado que me transmorfei sem querer. Finalmente a minha avó percebeu a razão pela qual eu usava aquela bracelete do tamanho do relógio do Batatinha. No final, quando eram horas de ir para casa, o meu pai anunciou que estava bêbado e vomitou o tapete do hall. Como nem eu nem a minha mãe temos a carta, chamei o meu zorde. Sei o que estás a pensar, querido Diário, mas nunca iria com a vaca da minha irmã e o namorado dela. Prefiro chupar pevides a isso.

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