Monday 8 March 2010

Diário de Pau Arranjer #6























Santarém, 13 de Julho de 2008

Querido Diário pá, tenho cenas para te contar. Acreditas que ontem fui comer uma sopa da pedra a Almeirim? Se não acreditas olha, bem que podes ir à merdinha que eu cá estou-me bem nas tintas para ti. Pronto vá, até te desculpo que hoje tou bem disposto. Nem sabes a maravilhosa semana que tive. Fui despedido daquele emprego no restaurante "Cação" do Aníbal Matadeiro, amigo do meu pai. Inicialmente fiquei chateado, mas depois passou-me. Assim que cheguei a casa e concluí que podia voltar aos vídeos de gordas no youporn, animei logo. Não por muito tempo, que o meu pai chegou do trabalho e deu-me um calduço, duas chapadas e um puxão de orelhas. Não só porque me tinham despedido - isso ele viria apenas a descobrir mais tarde - mas porque no dia anterior fui mais uns putos cá do bairro correr escrever a palavra "Pila" em maiúsculas por todos os prédios. O meu pai é uma pessoa muito antiquada. Diz-me que eu com 28 anos já não devia fazer "coisas infantis". Infantil, eu? Que lata. Assim que o meu pai, na sua crueldade, lançou este ríspido ataque à minha integridade, fui logo para a rua jogar à macaca e ao Stop. Ganho a quase todos menos ao Roberto, que é batoteiro e copia sempre as minhas respostas. Eu cá gosto é de jogar à rabia, mas a parte que me chateia é eu ter de ficar muitas horas no meio. Mas pronto, o Roberto diz que as regras são assim, não posso fazer nada.
Então tava eu na rua a levar boladas na cara quando oiço um estrondo do caraças na praceta. Não é que o meu amável progenitor mandou a botija do gás vazia do quarto andar? É mesmo brincalhão. Depois disse uma coisa que me pareceu bastante com "Anda cá rapaz que hoje arrebento-te esse sobrolho à pancada" - sempre na chalaça o meu pai. Mas para ele não dizer que não entro na paródia, lá comecei a correr desalmadamente para não levar nos cornos outra vez. Foi um bom dia.

PS: Diário, esta também é uma notícia boa - para a semana eu e o Arnaldo vamos à pesca do achigã. Ele diz que me vai ensinar a pesca de chicote. Não sei que raio de merda é essa, mas pelo menos não vou tar em casa quando lá for almoçar a minha irmã, aquela vaca.

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