Friday 10 December 2010

Carminda Burana

Nasceu em Peixe-Espada-à-Cinta quatro minutos antes do sol se erguer sobre as planícies adubadas a merda de burro. Os pais, Godofredo Quixote Burana e Alzira Gramofone, eram conhecidos na aldeia como gente muito pouco dada a banhos. Resumindo, fediam a bom feder. Alzira ponderou abortar ou fazer um desmanche. Pensando que fazer um desmanche se tratava de desmanchar o feto às peças, lá fez o aborto. Paradoxalmente ou não, ainda assim Carminda acabou por nascer.

Conta Alzira que o Espírito Sancto a visitou uma noite e lhe disse se ter enganado no pipi. Burocracias divinas impediram o dito Espírito Sancto de desfazer o que tinha feito. Deus acabou por contratar um outro Espírito para substituir o Sancto, que foi enviado para o Inferno, onde até hoje vê repetições do episódio número vinte do Jogo do Ganso.

Aos 15 anos já Carminda se notabilizava na escola pela prática do fellatio. A mãe havia notado algo de Cicciolina na miúda, quando ainda bem jovem balouçava alegremente em cavalos de pau. Infelizmente não pôde ter o destino que tanto queria, como actriz pornográfica. Fez castings, tudinho como mandam as regras, mas havia um problema - achavam-na feia como os cornos. Um realizador descreveu-a mesmo como "uma espécie de primata filho da Odete Santos e João Malheiro atropelado por uma charrua". Que é como quem diz, tinha cara de cu.

Isto não a demoveu, e tornou-se puta. Não uma puta qualquer, mas daquelas que mascam pastilha elástica de boca aberta e tudo. Quando descobriu que a Universidade Aberta não tinha cursos na área de putedo, desiludiu-se muito. Actualmente vive com um trolha chamado Maxim, de quem teve um filho, Tozé Brito. Chamam-lhe filho da puta, mas ele não se importa. Porque é.

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