Friday 19 November 2010

Cthulhu Roberto Pimenta

Decorria o ano de mil oitocentos e bardamerda quando, para surpresa dos pais, Cthulhu Roberto esteve para não nascer. Depois lá nasceu e pronto, fez-se homem. Vá, pronto, não se tornou mesmo num homem, mas qualquer merda lá pelo meio. O seu progenitor, numa viagem de negócios que fizera à Idade Média, contraíu lepra. No regresso, ao sacudir a pila durante uma mija, viria a ficar com o órgão sexual às peças.

Desde cedo Cthulhu compreendeu o esforço dos pais para que ele estudasse. Logo ele, que tinha nascido com cara de cefalópode. Cthulhu sempre tivera estranhos hábitos. Por exemplo, apreciava esmurrar a entrada do ânus quando as vontadinhas não lhe eram feitas. Outras vezes, gostava de bochechar com betadine e cuspir o resto da solução pela janela, acertando regularmente no carteiro.

Mesmo com aquela cara de lula, aventurou-se no mundo da tauromaquia. Vá, tornou-se forcado. Aos vinte e três anos havia já partido sete costelas e lesionado gravemente o fígado, num choque frontal com vinho tinto carrascão. Notabilizou-se pela escrita de duas das maiores obras literárias do século não-sei-quantos: um panfleto taurino da Feira da Golegã e uma mensagem sms de apoio a um ex-amigo sidoso, que dizia assim: "Forxah, tuh konxeguex venxer! LOol!"

Aos 35 anos foi destacado para a guerra, embora não se saiba bem qual. Sabe-se, isso sim, que voltou de lá sem dois braços, duas pernas e uma orelha. E pergunta-se o leitor "mas como é que o narrador sabe destas coisas"? O narrador responde, como um cavalheiro do caralho que é, que sabe disto porque neste momento, no nevoeiro de bactérias analmente penetradas que é a vida, encontra-se a pisar, com o auxílio de uma bota de biqueira de aço, a ponta do escroto de Cthulhu Roberto. Depois disto, penso que poucas dúvidas existam de que sou uma pessoa de bem.

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