Saturday 26 June 2010

Manual de Grosseria e Maus Modos #3

O Casamento
por Lúcio Prepúcio



















O que vestir?

Convém salientar, antes de mais, que existem pessoas a quem a nudez assenta especialmente bem. Sei-o bem porque já tive a oportunidade de visionar assim de relance aquelas revistas em que senhoras aparecem nuas e aqueles sítios da internet onde senhoras se passeiam com pilas de canalizador na boca. Não é que partilhe um particular gosto por estas práticas; faço-o, principal e obviamente, por motivos profissionais e de pesquisa sociológica.

O casamento, como é apanágio, trata-se de uma ocasião especial. Como tal, os convidados do sexo masculino devem ir vestidos com uniformes do McDonald's. As mulheres (as que forem do sexo feminino) podem vestir-se como lhes der na real gana mas a indumentária mais comum costuma ser uma técnica de nudez parcial dos mamilos, nudez total do pipi e umas galochas vermelhas.

O noivo deve vestir-se de forma diferente dos outros convidados, sendo duas hipóteses o traje de campino ribatejano e um fato de treino ruço guardado no sótão desde a queda do muro de Berlim. Como acessórios deve transportar consigo uma caçadeira, um par de cornos e um corta-unhas. A caçadeira serve para a eventualidade de, tendo conhecido a noiva numa noite de copos, ela se revelar no dia da cerimónia feita como um borrego atropelado por uma charrua e mastigado por Cthulhu. O par de cornos trata-se de um importante elemento estético que se pode transportar facilmente na lapela ou lançar como bumerangue no final da cerimónia. Também se tem mostrado muito útil no que diz respeito a cegar pessoas. O corta-unhas costuma servir para uma muito útil actividade, ainda que algo rara entre a sub-espécie humana dos taxistas: cortar as unhas.

A noiva, quando possível, deve ir vestida de Quim Barreiros, com acordeão e um buço de seis anos a servir de bigode farto. Aquando da habitual pergunta do "Oiça lá, mas você aceita este homem e não sei o quê" é aconselhável que a noiva responda entoando os primeiros versos do tema "Chupa Teresa."

Nota: no caso da noiva padecer de nanismo, deve vestir-se antes de Saúl Ricardo e entoar "O Bacalhau Quer Alho."


Quem convidar?

Os noivos devem, sempre que possível, evitar convidar pessoas gordas. Não apenas por uma questão estética mas de segurança e equilíbrio do meio ambiente. As pessoas gordas consomem demasiados recursos, e nesses recursos estão como é natural incluídos aqueles cinquenta e quatro frangos assados que encomendou. Convidar uma pessoa com mais de cem quilos para a cerimónia - capaz de consumir um terço dos frangos assados - deve portanto ser entendido como um acto suicida. No caso de um dos noivos ser gordo, deve ser aberta uma excepção. No caso de ambos serem gordos, bem... como é que tencionam fazer amor?


Igreja ou Casamento Civil?

São casos diferentes. Em termos pessoais, tenho mais gosto pelo primeiro, em principal pela acústica. A acústica do lugar mostra-se importante sobretudo se alguém decidir que é boa ideia fazer um concurso de arrotos. Depois, é a casa de Deus e se você a sujar ele que a limpe, que é omnipotente. Há, contudo, uma advertência: não deixe as crianças perto de membros do clero.

O casamento civil é tão parolo como o casamento na igreja mas com menor acústica. Mas tem uma coisa boa, os miúdos podem passear à vontadinha que não há membros do clero. (a não ser à paisana). No casamento civil, normalmente o copo d'água é na casa de um dos noivos, num restaurante ou em ocasiões especiais, numa praça de toiros.


Casar

Oiçam lá uma coisa, estamos aqui no século XXI e ainda há gente a querer casar? E ainda querem que eu acredite no darwinismo, foda-se!


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