Fora isso, Desodorizante teve uma infância feliz. A sua mãe levava-o a passear nos jardins da cidade, a andar de escorrega e dar de comida aos patos. De vez em quando andava também naquela espécie de baloiço a moedas às portas dos cafés, em que se metia cem paus e a criança baloiçava uns bons dez segundos. Quase excitante, diriam alguns. Desperdício de dinheiro, diriam outros.
Mas a sua actividade predilecta quando ia passear com a mãe era mesmo dar pão duro de comer aos patos. Por vezes, deixava endurecer pães de forma inteiros, que atirava parvamente às cabeças das aves, pobrezinhas, que lá iam ficando - à semelhança de Desodorizante - com lesões cerebrais.
O melhor jardim da cidade, para Desodorizante, era o Jardim dos Drogados. Tinha sempre aqueles tipos muito castanhos com a Dica da Semana enrolada debaixo do braço para apontar quando andavam a arrumar carros. Mas uma coisa era certinha, não se comparava ao Jardim das Putas.
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