Sunday, 31 July 2011
Inimigo Imaginário #4
Sabes, das vezes em que penso que alguma vez apreciei ouvir Nickelback, nasce em mim uma certa vontade de colocar o escroto numa gaveta e fechá-la com toda a força. Mas, se formos a ver bem, isto da mutilação genital até que nem tem resultados muito práticos. Para uma coisa deste calibre, talvez se justificasse um castigo mais penoso, como a audição durante cinco anos seguidos do tema "Voltei, Voltei" de Dino Meira.
Mas voltando à questão dos Nickelback pá, não é que me envergonhe disso sabes, mete-me é nojo. Porque também ouvia os Creed e os Bon Jovi e os Scorpions. Sim, os Scorpions. Foi uma fase complicada da minha vida, em que desenvolvi um amor platónico por rock manhoso cantado por indivíduos que se não fosse a música seriam hoje decerto respeitados profissionais da construção civil.
Sabes que gostar de Scorpions é muita foleiro mas os críticos ai ui dizem que o primeiro deles até é bom porque tem a Robot Man, um tema sobre a desumanização e mais o caralho que foda? É. Não digo que a crítica não seja útil - é útil no mesmo sentido em que o Professor Marcel e o Paycheck Pereira são úteis. Já Professor Marcel e Paycheck Pereira são úteis no mesmo sentido em que o papel higiénico o é.
Mas olha, agora que já tive aqui o meu momento de intelectual de pacotilha, vou-te dizer uma coisa: uma coisa. Ha-ha, sou tão engraçado, não sou? Também acho. Às vezes, só não me limito a lamber a minha pila toda a tarde porque sofro bués da coluna.
Agora a sério, os Scorpions sempre foram para mim uma espécie de Delfins alemães: a crítica elogia os primeiros álbuns, os tipos transformam-se em azeiteiros e para completar a metamorfose começam a usar boina. Já sabes, quando uma pessoa do rock começa a usar boina, é sinal de que coisas menos boas estão a caminho.
Aquele período ali do meio dos anos 90 para a frente foi muito propício ao aparecimento do esterco musical em forma de rock (Vês, eu a dar uma de crítico? Estou a lamber a pila e tudo neste momento). Os Limp Bizkit caralho, a melhor banda a fazer música ambiente para praticar o coito com animais circenses, como eu gostava daquilo. O boné para trás, o jeito adolescente do tou-me-a-cagar-para-a-sociedade-e-isso-porque-descobri-a-masturbação-anteontem revelava-se deveras épico.
Aquilo eram pá, definitivamente, outros tempos. E tu aí na mesma foda-se, é que nem ai nem ui.
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Friday, 29 July 2011
Agostinho Bacalhau de Virilha Assada
Crescera numa comunidade rural do interior do país no início dos anos dezavinte, onde era nauseabundo o cheiro a estrume, incesto e analfabetismo. Filho de pessoas pobres, que compravam um par de sapatos de dez em dez anos e nunca haviam visto o mar, cedo Agostinho teve de abandonar a casa dos pais e ir viver com os seus tios e primos.
A sua tia, de seu nome Xanicomaricapatareca, possuía um monopólio bairrista ao ser dona de um supermercado daqueles à antiga, cuja balança estava viciada para acrescentar peso aos queijos e fiambres e tudo o mais que viesse. As pessoas, já sem um tusto no bolso, viam-se assim depenadas de mais alguns mérreis que tanto jeito lhes podiam dar nomeadamente para coisas.
Agostinho, no meio de todo aquele reboliço em que se revelava a sua vida, havia feito uma promessa a si mesmo: crescer um bigodinho igual ao Saddam e à mau dos filmes de Hollywood. A sua vontade era verdadeiramente possuir um bigode hitleriano, mas a sociedade que ignorara uma chacina de milhões, a fome em África e os álbuns do José Malhoa, fazia agora a dança hipócrita do politicamente correcto, não deixando ninguém possuir um bigode igual ao homem que poderia ter tido a sorte de se chamar Adolfo Schicklgruber.
Mas adiante. Depois de passar anos a gamar ao primo os discos de vinil que ele comprava em feiras insuspeitas, Agostinho decidiu-se pelos negócios. Vendeu, por essas mesmas feiras onde o primo ia, paletes de sabão azul e branco. Certo dia, indignou-se por certas e determinadas coisas e teve uma altercação com um pacote de batatas fritas fora do prazo.
Segundo relataram testemunhas, uma cega e outra invisual, o pacote de batatas aconselhara Agostinho a praticar sexo anal com um rolo da massa. Não era intenção de Agostinho entrar em conflito com o dito pacote de batatas, pois já se sabe que estes são pessoas de muito pouca elevação e honra - que por tudo e por nada lançam impropérios e mandam inclusivé as pessoas para o caralho - mas Agostinho disse-lhe das boas. Constatou que a mãe do senhor era não apenas uma puta sidosa como o seu pai era dono de uma loja de trezentos. Nisto o pacote de batatas entristeceu e foi-se embora.
Após sair da terra natal, Agostinho foi conhecer o mundo - que é como quem diz, foi a Pernes. Várias semanas depois de praticar amor singelo com gado ovino, dedicou-se à apanha da azeitona e aí fez fortuna. Aos trinta e cinco anos já comprara um jornal semanal para onde contratou pessoas sem ética, que se disfarçavam de jornalistas e inventavam notícias em que se denegria a imagem de antigos colegas de escola de Agostinho, que no passado lhe haviam mandado calduços na bicha para o refeitório.
Tinha uma pila pequena, como é apanágio dos homens vingativos, e uma vez até diz que morreu.
A sua tia, de seu nome Xanicomaricapatareca, possuía um monopólio bairrista ao ser dona de um supermercado daqueles à antiga, cuja balança estava viciada para acrescentar peso aos queijos e fiambres e tudo o mais que viesse. As pessoas, já sem um tusto no bolso, viam-se assim depenadas de mais alguns mérreis que tanto jeito lhes podiam dar nomeadamente para coisas.
Agostinho, no meio de todo aquele reboliço em que se revelava a sua vida, havia feito uma promessa a si mesmo: crescer um bigodinho igual ao Saddam e à mau dos filmes de Hollywood. A sua vontade era verdadeiramente possuir um bigode hitleriano, mas a sociedade que ignorara uma chacina de milhões, a fome em África e os álbuns do José Malhoa, fazia agora a dança hipócrita do politicamente correcto, não deixando ninguém possuir um bigode igual ao homem que poderia ter tido a sorte de se chamar Adolfo Schicklgruber.
Mas adiante. Depois de passar anos a gamar ao primo os discos de vinil que ele comprava em feiras insuspeitas, Agostinho decidiu-se pelos negócios. Vendeu, por essas mesmas feiras onde o primo ia, paletes de sabão azul e branco. Certo dia, indignou-se por certas e determinadas coisas e teve uma altercação com um pacote de batatas fritas fora do prazo.
Segundo relataram testemunhas, uma cega e outra invisual, o pacote de batatas aconselhara Agostinho a praticar sexo anal com um rolo da massa. Não era intenção de Agostinho entrar em conflito com o dito pacote de batatas, pois já se sabe que estes são pessoas de muito pouca elevação e honra - que por tudo e por nada lançam impropérios e mandam inclusivé as pessoas para o caralho - mas Agostinho disse-lhe das boas. Constatou que a mãe do senhor era não apenas uma puta sidosa como o seu pai era dono de uma loja de trezentos. Nisto o pacote de batatas entristeceu e foi-se embora.
Após sair da terra natal, Agostinho foi conhecer o mundo - que é como quem diz, foi a Pernes. Várias semanas depois de praticar amor singelo com gado ovino, dedicou-se à apanha da azeitona e aí fez fortuna. Aos trinta e cinco anos já comprara um jornal semanal para onde contratou pessoas sem ética, que se disfarçavam de jornalistas e inventavam notícias em que se denegria a imagem de antigos colegas de escola de Agostinho, que no passado lhe haviam mandado calduços na bicha para o refeitório.
Tinha uma pila pequena, como é apanágio dos homens vingativos, e uma vez até diz que morreu.
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Friday, 22 July 2011
Sunday, 10 July 2011
Já somos dois
"Estou-me a cagar para a política cultural"
É que este post até nem tem nada que ver com o anterior. Mas é que nadinha.
É que este post até nem tem nada que ver com o anterior. Mas é que nadinha.
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